DIANA MENASCHÉ
( Brasil – Rio de Janeiro )
Nasceu no Rio de Janeiro sem 16 de abril de 1983.
É formada em Comunicação Social pela PUC-Rio e Mestre em Letras Hispánicas pela UMass Amherst.
Tradutora e professora.
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I COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO BRASIL construindo pontes. Dilercy Aragão Adler (Organizadora). São Luis: Academia Ludovicense de Letras – ALI, 2018. 2978 p. ISBN 978-85-68280-12-6 No 10 353
FINO FIO
sentimos que estamos caminhando nos muros
nas beiradas na margens nas lâminas no quase
oceano um quase circo de ilusões
entre esperanças ou pensamentos obscuros
sentimos os pés no fio que separa mares
inseparáveis águas calmas águas em transe
fronteira entre materialismo e unções
imateriais sob imaginários altares
(estes nunca estão nunca serão construídos
a corda bamba também elástica fixou
caminho bambo tremendo em glória e tombo
torcendo toma não caia novo arroubo
dos sentimentos retorcendo-se velho show
de rock onde cantores ficaram deprimidos
BOLAS DE FUTEBOL
então essas memórias com a maré retornam
e tentamos empurrar a maré com o pé
mas águas não são como bolas de futebol
boiando em algum mar longe semi acordado
quem dera em vez de correr tivesse abraçado
tua ideia chegando no último anzol
em vez de solipsismo (caracol) o Jos
quem dera tivesse visto que momentos adornam
o amanhã (e agora) nasce José e
rei de si enrolado no lençol em preguiça
ou medo ou desespero encaracolado
por gerações em dúvida entre marcha ré
(ou agora) ou o futuro se não enguiça
nos nós d´outras perguntas e termina parado
POR FAVOR NÃO CHORES
pedi encarecidamente por favor não
chores em público mas ignoraste pedido
tão simples e hoje te vejo entre uns mares
de lágrimas impossíveis de se navegar
não importa! te amo preciso viajar
aonde tu estejas ainda que pilares
de fosso sal cimento lágrima tenham sido
reerguidos onde passaste em solidão
ocorra o que ocorra estarei por perto
para abraçar-te quando parecer incerto
novo amanhã tem esses rios caudalosos
pedi tanto para que controlasses o choro
mas comportas se abriram então me demoro
em explicar que amo teus olhos preciosos
URCA
este por-do-sol nos trouxe as lembranças
dos melhores momentos de abraços na Urca
esperamos que este segundo não se perca
nos depósitos da memória quando a neve
der a lentamente se precipitar de lev
na calada da noite conversamos acerca
do café forte numa cafeteria turca
como alguém se atreve a deixa crianças
correndo no meio da rua quando cansados
exaustos falarmos do que não tem sentido
entre breves pausas marcadas por uns suspiros
sois cor-de-rosa lírios montanhas e retiros
brilhos nos olhos os que foi ou teria sido
na Urca sim ah bom é sermos apaixonados
ESPARRAMADOS
olhamos as águas esparramadas no mar
revolto aturdido lembramos o momento
em que trocamos alianças como se não
houvesse amanhã mesmo tudo foi então
continuidade em esparramado amor
garrafa de leite quebra copo leva vento
e logo líquido varre a casas de manhã
hoje vemos que a constância do amor é irmã
almofadas esparramadas neste sofá
desconcertado triste deságua pensamento
nas memórias de um concerto de Villa Lobos
toca aquele disco favorito a pá
e a vassoura esperam sem ressentimento
passados esparramados em futuros novos
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Página publicada em março de 2025.
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